Audiência pública da CLDF, em Ceilândia, debate falta de vagas em creches de Pôr do Sol e Sol Nascente

Parlamentar pretende levar audiências a diversas regiões administrativas do DF para identificar problemas e, posteriormente por intermédio da comissão, propor sugestões e cobrar providências do Executivo

Por Kleber Karpov

Na noite de terça-feira (28), o deputado distrital, Jorge Vianna (Podemos), realizou, na condição de presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa do DF (CLDF), audiência pública para debater falta de vagas em creches mantidas pelo poder público nas regiões do Pôr do Sol e Sol Nascente. O evento, realizado no campus da Universidade de Brasília (UnB), em Ceilândia, contou com a participação da comunidade, lideranças comunitárias e de políticos.

Além de Vianna, compuseram a mesa, a deputada distrital, Julia Lucy (Novo), o administrador da Região Administrativa Ceilândia, Fernando Fernandes, o coordenador regional de Ensino de Ceilândia, Marco Antônio de Souza, a representante do Centro de Estudo de Defesa da Comunidade do DF, Débora Santos, o líder comunitário, representante das comunidades de Pôr do Sol e Sol Nascente, Goudim Carneiro, além de representantes da deputa federal Flávia Arruda (DEM), Davi Brás. Também se fez presente a audiência pública, Edilson Barbosa, em representação ao senador Izalci Lucas.

Na abertura da Audiência, Vianna lembrou a necessidade de debater junto a população do DF, os problemas enfrentados, relativos ao acesso das famílias as creches, de modo que o Legislativo possa apresentar os problemas, sugestões e cobrar do Executivo a implementação de políticas públicas de modo a viabilizar a disponibilização de vagas, principalmente, às comunidades carentes.

“A gente sabe que uma mãe que não tem condição de deixar o filho em uma creche, ela não tem condições de arrumar um emprego, e produzir para o Estado, de botar o alimento dentro de casa, e a criança não consegue se desenvolver como as demais crianças.”, disse ao observar que os filhos de famílias ricas têm vantagens em relação às pobres, uma vez que têm mais oportunidades, desde a infância. “Uma criança dessa tem muito mais poder cognitivo, mais inteligência do que o filho do pobre.”, concluiu.

Discrepância

Deputado Jorge Vianna em audiência pública sobre falta de creches em Pôr do Sol e Sol Nascente – Foto: Wilter Moreira

O deputado observou ainda algo que considerou “estranho”, a quantidade de creches em Ceilândia, que totalizam 13 unidades, se considerado as 25 da Região Administrativa Samambaia. Isso porque a primeira, aglomera a maior quantidade de habitantes do DF, com cerca de 600 mil moradores, quando a RA vizinha, tem menos da metade. “Que matemática foi essa que fizeram com a Ceilândia? Passou da hora de começarmos a gritar e pedir socorro para a população de Ceilândia.”, disse Vianna.

Para o diretor da Regional de Ensino de Ceilândia, Marco Antônio de Souza, uma das dificuldades que refletem essa discrepância é a falta de áreas regularizadas. O gestor observou que há áreas disponíveis para a construção, seja de creches ou de escolas. Porém, segundo o Souza, alguns trechos, faltam terrenos que dependem da intervenção do Legislativo, a exemplo do “Trecho 3”, para resolver o problema.

“Dentro da proposta hoje do secretário de educação é a construção, nos próximos quatro anos, de cem creches em todo o DF.”, disse. Também segundo o gestor, ao contrário do sendo comum que apontam a falta de destinação de emendas parlamentares, o déficit de unidades, em grande maioria são decorrentes da falta de projetos.

O administrador de Ceilândia, lembrou que, os 25 anos de experiência na segurança pública, serviu para chegar a constatação que “só se salva as crianças do mundo do crime, através da educação.”.

Prioridade

Para Júlia Lucy, por sua vez, criticou o direcionamento de recursos para o ensino superior, ao se referir a Universidade Distrital, que começa a ser discutida na Câmara Legislativa do DF (CLDF), quando a primeira infância deixa de ser prioridade para o governo. “Vai criar uma universidade distrital, vai gastar não sei quantos milhões enquanto a gente não universalizou o acesso das crianças as creches? Vocês acham justo? Nós temos menos de 30% das crianças matriculadas em creches o DF consegui ficar abaixo da média nacional que é de 46%. Isso é uma vergonha para a gente.”, afirmou.

Compromisso

Aspirante a administrador de Pôr do Sol e Sol Nascente, ovacionado pelos presentes, o líder comunitário Goudim Carneiro, chamou atenção para a hipocrisia praticada pela classe política, e fez uma alusão a questão do aborto, para justificar o descaso da categoria para com as crianças.

“Todos eles dizem que são contrários ao abordo. O que significa o aborto? A morte de uma criança no útero. Então eles são contra a morte da criança no útero, mas depois que nascem, podem morrer? Porque não têm projetos. Esses deputados que são contra, não tem projetos, a maioria deles nunca tiveram.”, disse ao cobrar da classe política, a necessidade de demonstrar o compromisso com a população, principalmente, com as crianças de Pôr do Sol e Sol Nascente.

Mães crecheiras

Júlia Lucy sugeriu que o projeto Mães Crecheiras, em que famílias, possam receber suporte, por parte do governo, para ajudar a comunidade local, a cuidar das crianças em idade de frequentar as creches.

A parlamentar disse ainda, embora o governo divulgue um déficit de 16 mil vagas em creches do DF, a distrital, que preside a Frente Parlamentar da Primeira Infância, afirma que estudos apontam que os números atingem 70 mil. “Hoje o déficit oficial [e de 16 mil vagas mas é mentira esse déficit. A gente no meu partido a gente faz um estudo que levanta 70 mil vagas no déficit, por baixo.”.

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